
Embaixadores árabes pedem reunião com Bolsonaro após retorno de Israel
Embaixadores de países árabes no Brasil pediram formalmente uma reunião com o presidente Jair Bolsonaro (PSL) e com o chanceler Ernesto Araújo quando a comitiva brasileira voltar da visita a Israel. O pedido foi confirmado ao UOL pelo embaixador palestino Ibrahim Alzeben, que foi convocado pela Autoridade Palestina após Bolsonaro anunciar a criação de um escritório brasileiro de negócios em Jerusalém.
O diplomata palestino é decano do conselho de embaixadores árabes e islâmicos no Brasil, que reúne representantes de 41 países. Ele diz que o grupo, que se reúne mensalmente em Brasília, convocou uma reunião emergencial após a viagem de Bolsonaro.
“Até agora não tivemos resposta, imagino que a agenda de ambos [Bolsonaro e Araújo] esteja bem difícil. E não sei se este silêncio tem relação com a visita a Israel”, diz o embaixador. O representante palestino aqui afirma que tem interesse em “intensificar o diálogo com o novo governo”. Para ele, as medidas anunciadas refletem “falta de informação, de comunicação”.
O retorno do presidente a Brasília está previsto para amanhã. Ainda não há data para a reunião. Procurados, o Palácio do Planalto não se manifestou; já o Itamaraty confirmou que foi feito um pedido de audiência, que será atendido pelo secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores, embaixador Otávio Brandelli.
A intenção de Bolsonaro de transferir a embaixada brasileira em Israel de Tel Aviv para Jerusalém, cidade disputada por israelenses e palestinos, gerou desconforto entre países de tradição árabe — muitos dos quais, importantes parceiros comerciais do Brasil. O anúncio de um escritório de negócios fez a Autoridade Palestina enviar um sinal diplomático ao Brasil. Convocar um diplomata para explicações é visto, no meio diplomático, como um sinal de descontentamento.
Fonte: BOL Notícias (com UOL) / Foto: AFP